Polêmica
Muitas vezes, o uso de estrangeirismos é aparentemente desnecessário dado a existência prévia de palavras equivalentes em português, como parece suceder com ranking (equivalente a classificação). A adoção de palavras estrangeiras sucede frequentemente através do vocabulário de um domínio de especialidade ou de um grupo social específico. Com o tempo, alguns estrangeirismos passam a ter uma alternativa em português, quer seja esta um equivalente (decalque semântico), como no caso de correio electrónico para e-mail, quer seja um aportuguesamento (ou seja, uma forma adaptada a nível ortográfico, ou morfológico, ou mesmo semântico), como é o caso de suflé, proveniente do francês soufflé.
Uma proposta de professores do Instituto de Letras e Artes da PUCRS está provocando as mais diversas reações em professores e estudiosos da língua portuguesa. Para alguns, significa uma agressão ao idioma nacional. Para outros, é a representação escrita de um processo natural e antigo pelo qual passam todas as línguas. Trata-se do Dicionário Essencial da Língua Portuguesa.
Para o professor Volnyr Santos, coordenador do Departamento de Letras Vernáculas da PUCRS, que comanda a equipe de produção do livro, certas pessoas rejeitam a proposta por ela "estar mexendo em coisas estabelecidas". "Se está assim, por que mexer?", diriam. A questão é que nada é tão estabelecido e estático assim.
Além do desconhecimento quanto ao processo de evolução de um língua, um outro fator contribui para as controvérsias sobre o dicionário: a mitificação. Volnyr Santos explica: "Nós vivemos em uma fase da cultura em que a imagem é muito forte. A língua estrangeira, especialmente o inglês, traz um certo status para o usuário da língua. Hoje em dia, isso é quase uma necessidade do ponto de vista cultural, mas, quando as pessoas utilizam termos ingleses sua relação pessoal, elas se sentem um pouco privilegiadas."
Quando alguém diz que vai tomar um refrigerante light, por exemplo, essa expressão denota um caráter diferencial. Portanto, ao propor a grafia portuguesa para palavras de outros idiomas, o dicionário está, de certo modo, desmitificando a forma estrangeira. "Então, as pessoas que estão acostumadas com a palavra shopping e passam a vê-la como xópin têm a impressão de que não se trata da mesma coisa." Tudo é uma mera questão de costume. Quem é que pára para pensar que as corriqueiras palavras confete e lanche são, respectivamente, versões portuguesas da italiana confetti e da inglesa lunch? Há algum tempo suas grafias também pareciam "estranhas", mas agora elas estão incorporadas de tal forma na língua portuguesa que é até difícil imaginar que suas origens pertencem, de fato, a outras línguas. Da mesma forma, há os termos drinque (do inglês drink), chofer (do francês chauffer) e gueixa (do japonês gueisha), entre tantos outros.
Então, qual o problema em tomar um milquecheique, fazer um escâner de uma imagem ou, brincando com o mause, navegar por interessantes saites da Internet?
Exemplos:
Estrangeirismos já aportuguesados (constantes do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa)
Bric-à-brac (francês) - bricabraque
Cake (inglês) - queque
Confetti (italiano) - confete
Pickles (inglês) - picles
Sweater (inglês) - suéter
Scratch (inglês) - escrete
Trolley (inglês) - trole
Twist (inglês) - tuíste
Yatch (inglês) - iate
Algumas propostas do dicionário da PUC
Affaire (francês) - afer
Air bag (inglês) - erbegue
Display (inglês) - displei
Feedback (inglês) - fidebeque
Full time (inglês) - fultaime
Laser (inglês) - lêiser
Lingerie (francês) - langerri
Merchandising (inglês) - merchandáisin
Sukiyaki (japonês) - suquiáqui
Training (inglês) - tréinin
Uma proposta de professores do Instituto de Letras e Artes da PUCRS está provocando as mais diversas reações em professores e estudiosos da língua portuguesa. Para alguns, significa uma agressão ao idioma nacional. Para outros, é a representação escrita de um processo natural e antigo pelo qual passam todas as línguas. Trata-se do Dicionário Essencial da Língua Portuguesa.
Para o professor Volnyr Santos, coordenador do Departamento de Letras Vernáculas da PUCRS, que comanda a equipe de produção do livro, certas pessoas rejeitam a proposta por ela "estar mexendo em coisas estabelecidas". "Se está assim, por que mexer?", diriam. A questão é que nada é tão estabelecido e estático assim.
Além do desconhecimento quanto ao processo de evolução de um língua, um outro fator contribui para as controvérsias sobre o dicionário: a mitificação. Volnyr Santos explica: "Nós vivemos em uma fase da cultura em que a imagem é muito forte. A língua estrangeira, especialmente o inglês, traz um certo status para o usuário da língua. Hoje em dia, isso é quase uma necessidade do ponto de vista cultural, mas, quando as pessoas utilizam termos ingleses sua relação pessoal, elas se sentem um pouco privilegiadas."
Quando alguém diz que vai tomar um refrigerante light, por exemplo, essa expressão denota um caráter diferencial. Portanto, ao propor a grafia portuguesa para palavras de outros idiomas, o dicionário está, de certo modo, desmitificando a forma estrangeira. "Então, as pessoas que estão acostumadas com a palavra shopping e passam a vê-la como xópin têm a impressão de que não se trata da mesma coisa." Tudo é uma mera questão de costume. Quem é que pára para pensar que as corriqueiras palavras confete e lanche são, respectivamente, versões portuguesas da italiana confetti e da inglesa lunch? Há algum tempo suas grafias também pareciam "estranhas", mas agora elas estão incorporadas de tal forma na língua portuguesa que é até difícil imaginar que suas origens pertencem, de fato, a outras línguas. Da mesma forma, há os termos drinque (do inglês drink), chofer (do francês chauffer) e gueixa (do japonês gueisha), entre tantos outros.
Então, qual o problema em tomar um milquecheique, fazer um escâner de uma imagem ou, brincando com o mause, navegar por interessantes saites da Internet?
Exemplos:
Estrangeirismos já aportuguesados (constantes do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa)
Bric-à-brac (francês) - bricabraque
Cake (inglês) - queque
Confetti (italiano) - confete
Pickles (inglês) - picles
Sweater (inglês) - suéter
Scratch (inglês) - escrete
Trolley (inglês) - trole
Twist (inglês) - tuíste
Yatch (inglês) - iate
Algumas propostas do dicionário da PUC
Affaire (francês) - afer
Air bag (inglês) - erbegue
Display (inglês) - displei
Feedback (inglês) - fidebeque
Full time (inglês) - fultaime
Laser (inglês) - lêiser
Lingerie (francês) - langerri
Merchandising (inglês) - merchandáisin
Sukiyaki (japonês) - suquiáqui
Training (inglês) - tréinin
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